Saturday 15 August 2009

Louco pela Índia?!

Num livro que recentemente me ofereceram é feita uma análise psicológica e psicoterapêutica sobre quem partiu para Índia e a respectiva estadia. O livro começa com um dilema: A Índia enlouquece, ou os loucos é que vão à Índia?


Este dilema é interessante, porque em qualquer uma das hipóteses é estabelecido um axioma que parece inexorável e em que Índia = Loucura (seja antes ou depois).


Será mesmo loucura?

Esquecendo agora o livro e permanecendo apenas na questão, parece-me uma óptima abordagem para começar, pois quase com um certo fatalismo determinístico impõe a condição de louco à minha pessoa. Ora permitam-me concordar plenamente com essa igualdade David = Louco. Sou louco por Mim, sou louco pela Vida, sou louco pelo Amor, sou louco pela Plenitude, sou louco pela Felicidade... Entre os diversos significados da palavra louco, o dicionário diz ‘Apaixonado; Aquele que perdeu a razão’ in Priberam. Ora diz-se dos apaixonados que deixam de pensar, que não raciocinam isso é dizer que perderam a razão, pois então pode-se dizer que Apaixonado = Aquele que perdeu a razão. Agora o que não se explica são as vantagens de se viver apaixonado, mas certamente já amaste alguém, ou nutriste uma estima incomensurável por um animal e sabes as vantagens para ti e para a outra pessoa da paixão, do fogo, do entusiasmo. Há no entanto aqui algo potencialmente perigoso, que é perder a razão, vivermos no nosso mundo actual sem racionalidade e intelectualidade parece ser uma insensatez, as “loucuras” de alguém que se apaixona ainda se toleram sob o “Oh deixa lá, está apaixonado, também já fui assim”, agora alguém que viva e tome maioritariamente decisões na sua vida sobre esse prisma, é certamente um forte candidato a entrar no Júlio de Matos no julgamento da maioria.


David, o Louco?

Então passemos à análise do Louco David. Em 1º lugar não me preocupam minimamente os teus julgamentos sobre mim ou a minha decisão, pois é apenas a tua visão sobre a minha realidade, respeito mas não me condiciona. Em 2º lugar na minha vida procuro ter em atenção a multi-dimensionalidade do meu ser: Corpo-Mente-Espírito, dizem que a mente trata da racionalidade, da lógica, do domínio do intelectual, pelo que para os mais preocupados, a razão não desapareceu da minha vida, agora o que não permito é que ela seja a minha vida. Poderia então auto-designar-me como um Louco Razoável ou Racional, mas será que isso faria sentido?


David, o Sensato?

Terminologias e conceitos à parte, esta é a uma viagem de descoberta pessoal, se preferirem uma viagem espiritual, de alguém que sabe estar a tomar a decisão certa, no momento certo, para ter a experiência que faz sentido neste momento da minha vida. É apenas mais um passo da extraordinária caminhada que tenho vindo a fazer, um continuar de um trajecto, a aparente ruptura (despedir-me e ir para um país longínquo) é apenas isso aparência, pois não estamos habituados a ver a realidade mudar de forma tão visível no campo material, quando no domínio espiritual existe uma continuidade inequívoca, mas se bem reflectido verás que faz todo o sentido. É como quando estudas, quando acabas a primária, continuas os estudos no entanto mudas de escola, professores, colegas, aqui é tal e qual, continuo na mesma escola da espiritualidade, apenas mudou o contexto de ensino :-)


Assim aquilo que inicialmente designei de loucura pode também apelidar-se de sensatez (alguém deixaria de estudar apenas porque tem de mudar de escola?).


A Despedida

A terminar deixo uma pergunta, caso queiras pensar nela: QUEM ÉS? E não, não perguntei o que fazes, não perguntei o que dizes, não perguntei o que gostas, não perguntei o que pensas, a pergunta é: QUEM ÉS? Talvez possa ser difícil perceber, por isso deixo esta situação para ajudar: Imagina que deixaste de ter o teu emprego actual, deixaste de realizar os teus hobbies/actividades favoritas, deixaste de ter os teus filhos, o teu companheiro(a), os teus amigos desaparecem, o que é que fica? Qual é a tua essência, de que “material” és feito? Terás então a resposta à pergunta, depois fazes o que entenderes com ela e só depende de ti seres genuinamente verdadeiro contigo ou não. Por vezes preferimos enganarmo-nos, é mais cómodo (pelo menos parece).


Last but not the Least

Vá umas últimas palavras neste post: Os sonhos de hoje, serão a realidade de amanhã. E o mais maravilhoso é que apenas depende de ti. :-)


NAMASTE

David

4 comments:

Pedro Cardoso said...

Há uns meses atrás li o "Elogio da Loucura" do Erasmo, agora leio o "Elogio da Loucura" do David. Acho que vou ficar louco!

Nando said...

Escrever não é propriamente uma novidade para mim, mas confesso que estou um pouco “enferrujado”, estou a muitos “anos luz” de ti :), que já fazes isto de olhos fechados, por isso vou ter uma atenção especial para não ser muito maçador.

Provavelmente, não estarias à espera de encontrar aqui um texto escrito por mim, mas não é por acaso que o faço nesta altura.

Decidi hoje mesmo recomeçar a escrever de uma forma mais regular, porque sinto-me bem a partilhar sentimentos/emoções com as pessoas que AMO (sejam amigos ou familiares), ou simplesmente comigo próprio, pois “liberta-me” a alma, “obriga-me” a reflectir/meditar e a “sair” do meu “refúgio”, despertando/reavivando o meu lado espiritual, que por vezes se encontra “adormecido”, por culpa própria é certo, mas que quando menos espero me surpreende a cada minuto da minha vida, e nesses momentos sinto uma enorme felicidade, e vontade de ir mais “além” em busca de um estado de permanente “harmonia” (mesmo que não tenha ainda descoberto esse caminho, sinto que vou encontrá-lo).

Bem, o principal motivo que me leva hoje a escrever aqui, é porque pretendo comentar e reflectir sobre o que tu escreveste. Honestamente não penso que sejas louco ou sensato, não me cabe a mim “arranjar” uma definição para quem tu és (ou mostras ser :)), apenas sei que és uma pessoa com coragem e determinação, e tenho a certeza que a viagem à Índia vai enriquecer profundamente a tua vida e a vida daqueles que estão à tua volta (é inevitável).

QUEM ÈS? É uma pergunta simples, mas de resposta difícil, no entanto o exercício que arranjaste ajuda a perceber melhor o sentido da pergunta. Podemos simplesmente não querer “descobrir” quem somos, é mais fácil “inventar” desculpas para não fazermos aquilo que realmente queremos e que nos faz felizes, porque isso provoca conflitos “internos” (racionais e emocionais) e é para muitos um processo muito “doloroso”, mas se conseguirmos “libertarmo-nos”, “tocar” no nosso interior, sendo sinceros com o nosso EU, tudo muda. Estou a tentar …para mim não é “doloroso” … pelo contrário …

Olhando para trás, não posso dizer que não mudaria nada, mas sei que o meu nível de consciência era diferente, por isso não lamento nenhuma decisão que tomei, até porque faz parte da minha “aprendizagem”, e hoje sou capaz de entender melhor o “contexto” em que me encontro inserido, e apenas depende de mim seguir o “caminho” que desejo para alcançar os meus “sonhos”, e neste ponto não podia estar mais de acordo contigo, é simplesmente encantador ter consciência disso mesmo.

Nesta minha “caminhada” pela vida, tenho aprendido muito contigo, e quero agradecer-te por isso, és uma das pessoas que me tem ajudado a conhecer melhor, nos últimos tempos tem acontecido, um conjunto de experiências muito intensas e gratificantes.

O texto já vai longo e tinha prometido que iria tentar não ser maçador, por isso para terminar quero apenas dizer que estarei em contacto contigo utilizando a 3ª forma, é um privilégio e muito gratificante saber “utilizar” essa forma de contacto.

lili* said...

pronto fico...
sem palavras =']
-lembras.te do post que escreves.te sobre um filme que viste em que no fim restou simplesmente um silencio que te tocou?
é assim que julgo estar...-
aquilo que dizes, aquilo que fazes, o modo como fazes e dizes...
resta-me agradecer.te as questões que colocas ao mundo
e dizer-te que vou seguir este blogue,
podes ter certeza disso*

Sendyourlove said...

...das pessoas que conheço, e do que se mostram, és sem duvida a alma que conheço mais perto da sabedoria, da plenitude, de Deus...mesmo que conheça muito pouco de ti...
Considero-te uma pessoa muito feliz...conheceste, ou sabes ir de encontro a esse conhecimento... mas principalmente porque aceitas a vida e vais atrás dela, tiras o melhor partido da maravilha que deve ser viver...
Já to escrevi e repito admiro-te muito por saberes viver...
Louco? que sejas! sempre vi a loucura dita na boca dos outros um pouco como inveja da felicidade alheia...
Beijo